Nos últimos anos, o debate sobre sustentabilidade e ESG deixou de ser um diferencial e passou a ser uma exigência no mundo dos negócios. Nesse cenário, surgiu o mercado de crédito, que é uma ferramenta para financiar a transição para uma economia de baixo carbono.
Um dos elementos centrais nesse novo panorama é o mercado de carbono, onde empresas podem negociar créditos que representam a redução ou remoção de fases do efeito estufa de suas atividades. E esse é apenas um dos mecanismos possíveis dentro de um sistema mais amplo: o financiamento sustentável, que engloba diferentes tipos de crédito, títulos e investimentos voltados para projetos com impacto ambiental e social positivo.
Quer saber mais sobre o mercado de crédito e entender como ele funciona? É só continuar lendo!
O que é financiamento sustentável?
O financiamento sustentável é uma forma de direcionar os recursos financeiros de uma empresa para iniciativas que gerem impacto positivo no meio ambiente, sociedade ou na governança das instituições. Isso pode ocorrer por meio de empréstimos, títulos ou incentivos fiscais e é especialmente relevante no contexto de transição energética e responsabilidade corporativa.
Nos últimos anos, os investimentos ESG (Environmental, Social and Governance) se tornaram um dos principais motores do financiamento sustentável. cada vez mais, gestores, bancos e fundos têm direcionado seu capital para empresas comprometidas com práticas sustentáveis e transparentes, muitas vezes inclusive com condições diferenciadas de juros e prazos.
Esses são os principais benefícios do financiamento sustentável:
- incentivo a boas práticas ambientais, sociais e de governança;
- redução de custos de capital para empresas com bom desempenho ESG;
- melhora na reputação da marca e atratividade para investidores;
- estímulo à inovação e competitividade.
Mas, apesar das vantagens, o financiamento sustentável ainda enfrenta alguns desafios. Entre os principais estão a baixa padronização de critérios, a falta de dados confiáveis para avaliar riscos ESG e a necessidade de engajamento interno das empresas para implementar mudanças reais. Além disso, muitas organizações ainda não têm clareza sobre os requisitos necessários para acessar esse tipo de crédito.
Quais são os tipos de crédito sustentável?
O financiamento sustentável pode se apresentar de várias formas, com características e finalidades diferentes. A seguir, você vai conhecer os principais modelos adotados no Brasil e no mundo.
Empréstimos verdes
Os empréstimos verdes são linhas de crédito voltadas para projetos com impacto ambiental positivo, como eficiência energética, geração de energia renovável, gestão de resíduos ou transporte limpo, por exemplo. Normalmente, esses recursos são disponibilizados com base em critérios claros de sustentabilidade.
Títulos verdes (green bonds)
São títulos de dívida emitidos por empresas ou governos para captar recursos destinados a projetos sustentáveis. O Brasil é um dos maiores emissores desses títulos na América latina, com destaque para os setores de energia, saneamento e agronegócio.
Financiamento ESG
Além do foco ambiental, esse tipo de crédito também considera indicadores sociais e de governança para a concessão. Empresas que demonstram boa performance nesses pilares podem ter acesso facilitado a taxas e prazos mais atrativos.
Crédito para economia circular
É um tipo de crédito sustentável voltado para modelos de negócios baseados em reuso, reciclagem ou reaproveitamento de materiais. Ele estimula a redução do desperdício e o aumento da eficiência no uso de recursos naturais.
O que é o mercado de crédito de carbono?
O mercado de crédito de carbono é um mecanismo criado para ajudar no combate ao aquecimento global. Nele, empresas e projetos que reduzem ou evitam a emissão de gases do efeito estufa (como o CO2) podem gerar créditos de carbono — cada um representa a redução de uma tonelada de dióxido de carbono equivalente.
Eles funcionam como uma moeda no combate à crise climática: quem emite menos carbono do que poderia, ou quem investe em projetos que reduzem emissões (como reflorestamento, energia limpa ou captura de carbono), pode vender esse “excedente” como crédito para outras empresas que não conseguem reduzir suas emissões no mesmo ritmo.
Ou seja: se uma empresa polui menos do que o seu limite ou ajuda a capturar CO₂ da atmosfera, ela pode gerar créditos de carbono e vendê-los. Já outra empresa, que emite mais do que deveria, pode comprar esses créditos para compensar o impacto ambiental que causou.
Esse mercado é especialmente importante para os setores de difícil descarbonização, como o de cimento, aço e aviação. E também é estratégico para empresas de médio porte que desejam avançar em suas metas de ESG, melhorar sua imagem e obter vantagem competitiva.
O mercado de crédito de carbono no Brasil
Em 2023, o Brasil deu um passo importante com a aprovação do Projeto de Lei 412/2022, que institui o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE). Essa nova legislação estabelece as bases para um mercado regulado de carbono no país, com metas obrigatórias de redução para setores específicos.
Esse é um grande avanço porque, até então, o país operava apenas no mercado voluntário.
Na comparação com outros países, o Brasil vem avançando, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido. A União Europeia, por exemplo, já conta com um sistema consolidado de comércio de emissões, o EU ETS (European Union Emissions Trading System). O modelo, que é referência internacional, estabelece tetos de emissão e permite a negociação de créditos entre empresas.
Já nos Estados Unidos, o cenário é mais fragmentado. O país não tem um mercado regulado, mas conta com sistemas estaduais e regionais.
O Brasil, no entanto, se destaca pelo enorme potencial em ativos ambientais. Mesmo com um mercado ainda em fase de estruturação, o país já é referência em em iniciativas de preservação florestal, agropecuária regenerativa e uso de energia renovável. E isso nos coloca em uma posição estratégica para crescer no mercado de crédito de carbono.
Quem pode participar do mercado de crédito de carbono?
Podem participar:
- empresas de setores regulados, como os que serão definidos pela regulamentação do novo Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE);
- organizações e projetos com certificação para atuar no mercado voluntário;
- iniciativas de reflorestamento, agricultura de baixo carbono, biogás e energias renováveis.
Quais práticas Ajudam a reduzir a pegada de carbono?
Reduzir a pegada de carbono envolve repensar processos produtivos, adotar novas tecnologias e fazer escolhas mais conscientes no dia a dia das empresas.
Esses são alguns exemplos de ações:
- substituição de combustíveis fósseis por energia renovável;
- adoção de sistemas fotovoltaicos;
- migração para o Mercado Livre de Energia;
- implementação de logística reversa e reaproveitamento de resíduos;
- reflorestamento e preservação de áreas nativas;
- investimento em eficiência energética em equipamentos e processos.
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